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Associação Portuguesa de Análise Transaccional


AGUILAR, Luís. Cenários de Vida em Análise e Acção Transaccional. Montreal: Aguilar Edições e Formação, 2010,
3a edição, 148 páginas.
Preço: 15.00 Euros/ Cad$20

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Outras obras da trilogia


 

Cenários de Vida
em Análise e Acção Transaccional
por
Luís Aguilar

No guião, enredo ou argumento e que denominamos Cenário de Vida estão inscritas as Palavras de Ordem que desencadeiam as acções principais empreendidas pelo indivíduo, as Posições de Vida que adoptou e as Tendências para ser Vencedor ou Perdedor. Estes elementos, que fazem parte de um Cenário de Vida, serão descritos, respectivamente, nos primeiro, segundo e terceiro capítulos. De outros elementos que integram cada Cenário de Vida fizemos a descrição nos dois primeiros volumes desta trilogia, o primeiro relativo aos Estados do Eu e o segundo aos Jogos Psicológicos.

Os testes que se publicam nesta obra são essencialmente de dois tipos: uns visam a recolha de dados que permitem identificar algumas características do Cenário de Vida de quem a eles se quiser submeter e os outros visam apurar o grau de compreensão de alguns conceitos utilizados pela Análise Transaccional. Os primeiros encontram-se no início de cada capítulo e os segundos no fim.

Tal como o enredo de um romance, o argumento de uma peça de teatro ou o guião (script) de um filme descreve as características do protagonista e das personagens principais com quem vai interaccionar, aqueles que ama, os que detesta ou os que lhe são indiferentes, aquilo que vai valorizar, a pessoa em que se vai tornar, etc., o Cenário de Vida de uma pessoa é definido do mesmo modo e é escrito no inconsciente do indivíduo, desde a mais tenra idade. O Cenário de Vida ou argumento baseia-se no pressuposto de que quando uma criança toma uma decisão precoce e primitiva sobre si mesma, começa, desde logo, a planificar a sua vida baseada nessa decisão, usando como modelo um conto de fadas ou outra história qualquer (Goulding e Goulding, 1985, p.58). Esse guião, enredo ou argumento permanece no inconsciente e orienta a vida de cada pessoa, como se esta fosse uma personagem de uma obra dramática que desconhece, cujo destino se joga entre a descentração, o castigo divino (a cegueira) e o encontro da sabedoria pelo “sê quem és” (Amaral Dias, 1995, p. 53).

O Cenário de Vida é um plano construído a partir das primeiras vivências da infância, é induzido pelos pais, reforçado pelos acontecimentos posteriores e, por fim, impulsionado pelas primeiras decisões tomadas inconscientemente pelo indivíduo, no sentido de obter o reconhecimento de que necessita. Salvo raras excepções, o Cenário de Vida, marca a pessoa para o resto da sua vida, tornando o seu comportamento previsível, já que provém de um registo inconsciente que alimenta todos os capítulos em que a mesma se desenrola. Com efeito, e como lembra o cineasta André Téchiné, uma personagem não é um símbolo sociológico, cada personagem vale pela singularidade.

Sem prejuízo da tipologia dos Cenários de Vida que apresentamos neste livro e onde se pode integrar cada ser humano, queremos desde logo, advertir o leitor de que cada indivíduo tem um cenário único e singular, tal como possui um plano de vida psicológico pré-determinado, regido por normas de sobrevivência, em detrimento da experiência da intimidade, da espontaneidade e da criatividade, impulsionadoras da auto-realização e do desenvolvimento do potencial humano. Por isso, o Cenário de Vida é um plano de vida completo, que proporciona, simultaneamente, limitação e imitação (Berne, 1983, p.18).

Optando pela segurança, pela acumulação de bens materiais, pela procura de prazer imediato, a pessoa vai representando mecanicamente a sua peça dramática, determinada por uma série de projectos de Faz assim! e de Não faças isso! – uma espécie de texto interiorizado, como um actor quando decora o seu papel nos ensaios, antes do espectáculo. Com efeito, as histórias ou argumento de peças de teatro têm, naturalmente, a sua origem em histórias ou argumentos de vida; por isso, não será descabido que se considerem as conexões e similitudes que ambos apresentam (Berne, 1973, p.35).




© Luís Aguilar


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